segunda-feira, 4 de junho de 2012

"...apenas uma fotografia na parede, mas como dói"

O mineiro Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre sua cidade natal:
"Tive ouro, tive gado, tive fazendas
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede,
mas como dói."
O poeta mineiro lamentava em seus versos a descaracterização de sua cidade; a perda dos marcos que lhe eram familiares; o casario bonito não existia mais; a ausência de uma cidade que outrora sua, lhe era agora estranha, estrangeira. Desprovida do que lhe fora tão caro, sua Itabira vivia somente em sua memória: um retrato na parede.
O que nos faz um lugar nos ser caro não é o nome que ele tem ou o Estado onde ele fica: é a continuidade dessa "vida besta, meu deus" que vemos passar com carinho diante de nossos olhos, preservando nela o que nos é mais querido.
Não queremos que Monte Santo seja somente uma fotografia na parede que machuca a alma quando olhamos para ela. Queremos a nossa cidade viva na nossa memória e na memória daqueles que ainda por vir; daqueles que ainda nem nasceram.



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